3R Genus Hedge FIM – Carta Mensal Janeiro/2021
Prezado Investidor,
O 3R Genus Hedge FIM (GH) rendeu 0,22% em janeiro (142% do CDI). Em 12 meses o fundo a performance acumulada é de +10,85% (+392% do CDI), e de +27,09% (+321% do CDI) em 24 meses.
Neste mês os ativos de risco desvalorizaram um pouco, e taxa de juros subiram na maioria dos mercados. O BRL também se desvalorizou contra o dólar.
No final do mês, o movimento de investidores individuais americanos na compra de ações em que fundos de investimento tinham grande posição vendida sacudiu o mercado, aparentemente forçando alguma redução de risco dos fundos, e chamando a atenção para o momento especulativo dos mercados em geral.
O novo governo americano tomou posse, mas ainda não conseguiu dar velocidade aos planos de suporte à economia.
No Brasil, os dados da economia real do final de 2020 e início de 2021 mostram um varejo perdendo força e a indústria que vinha acelerando revertendo um pouco a tendência. Além disto, a forte aceleração no número de casos e mortes por COVID-19 forçou a medidas de restrição de movimentação, o que não ajuda na recuperação.
O processo de vacinação no Brasil começou, mas ainda muito lento e deve ser estender por muitos meses até ter um efeito mais efetivo. Nos EUA o começo foi lento, mas parece ganhar velocidade e já a sinais positivos em número de internações. Na Europa a velocidade de vacinação, como no Brasil, é lenta também.
O consenso de mercado continua bem otimista com ações, com commodities, com base no tal do reflection trade. Muito dinheiro sendo empurrado para o risco, aceitando taxas de retornos cada vez mais baixas e antecipando perspectivas de crescimento muito altas.
Acreditamos que ao longo do ano vamos ver uma recuperação mais sólida nos EUA, com recuperação nos setores mais afetados pela restrição de mobilidade como serviços, restaurantes, lazer e turismo. O quanto os setores de bens duráveis podem de alguma maneira deixar de se beneficiar pela “volta” dos gastos com estes itens é algo a acompanhar.
O preço das ações parece antecipar muito desta recuperação, e nada do custo de como foi feita, mas no ambiente atual é difícil antecipar o que levaria o investidor a ser mais cauteloso na análise do risco que está disposto a tomar. Parte do tal “custo” virá com a redução/retirada das políticas hiper estimulativas dos bancos centrais, o que por si só já mudará a percepção de liquidez abundante e forçará uma visão mais realista.
Aqui no Brasil, como já escrevemos antes, o cenário parece mais complicado do lado da economia real. A lentidão na vacinação só torna as coisas ainda mais difíceis.
Parece ter se formado algum consenso aqui de que os novos presidentes de Câmara e Senado, supostamente mais alinhados com o governo, vão levar adiante uma agenda liberal e reformista. Para nós, o histórico das pessoas liderando executivo e legislativo não corroboram com esta visão. Além disto, as lideranças do legislativo não têm nenhum histórico de boa relação e compromisso com as pessoas e a agenda do executivo atual. Tudo é possível, mas preferimos de alguma maneira esperar para ver.
Nos parece provável que votem o orçamento de 2021, a PEC Emergencial, ou alguma coisa em seu lugar que ache espaço para a volta de algum programa social emergencial, talvez a independência do BC. A reforma tributária é possível, mas se for boa tem efeito mais qualitativo de longo prazo. A mais importante de todas, uma reforma administrativa com cortes efetivos do custo da máquina do governo, e privatizações, nos parecem bem menos provável. E se a economia não for bem por muito tempo, vamos ver os novos líderes do Congresso se distanciando rapidamente do Executivo.
Não nos parece um ambiente que dê suporte para as empresas serem precificadas em bolsa com o nível de prêmio ou antecipando crescimentos poucas vezes visto, que é o que o mercado está fazendo.
As distorções de preços, como falamos na carta passada, vão ficando maiores e geram oportunidades. Mas é um ambiente que exige muito cuidado com a tomada de risco na nossa leitura, porque as correções dos excessos são difíceis de antecipar e tendem a ser violentas.