3R Genus Hedge FIM – Carta Mensal Novembro/2020
Prezado Investidor,
O 3R Genus Hedge FIM (GH) rendeu -0,02% em novembro. No ano, o fundo está acumulado em +10,67% (+410% do CDI).
Os ativos de risco no mundo todo tiveram performance muito positiva, o que dada nossa visão mais cautelosa, tornou o mês mais desafiador. Começamos com uma performance bem negativa, mas ao longo da segunda metade tivemos bom desempenho na carteira de L&S e no direcional oportunístico.
Nos surpreendeu a performance dos ativos de risco após as eleições americanas. Nenhuma análise anterior ao resultado traçava uma perspectiva tão positiva considerando uma vitória dos democratas sem o controle do Senado. Vale lembrar que o resultado ainda não está definido, já que ainda existem duas posições no Senado a serem ocupadas.
Mas os investidores decidiram precificar um cenário bem positivo, considerando que Biden vai ser capaz de implementar programas relevantes de investimento e incentivos governamentais, sem conseguir aumentar impostos. A leitura do impacto disto para emergentes também nos surpreendeu um pouco, prevaleceu a visão de valorização de comodities e um cenário bem mais favorável para crescimento das economias emergentes.
Por último, o resultado da efetividade das vacinas em testes preliminares também foi lido como muito positivo, e levaram a revisão de crescimento econômico global para 2021 para a maioria dos analistas/economistas.
Como já escrevemos algumas vezes, uma de nossas “máximas” na gestão é: temos nosso cenário e nossa opinião macro estrutural de médio e longo prazo tanto global como local, mas no dia a dia (curto prazo) não nos cabe estar certos, mas sim conseguir gerar ganhos seja qual for o que o mercado decidir precificar.
Trabalhamos muito no mês para conseguir executar isto da melhor maneira possível.
Primeiro, o resultado da eleição no Senado americano ainda não está definido. Mas é verdade que mesmo que as duas posições que faltam sejam democratas, a maioria democrata seria muito tênue.
De qualquer maneira, o mercado precifica algo muito positivo, aonde só os fatos positivos acontecem (programas de suporte à economia muito grandes), e nada negativo (impostos, maior regulação), nem as consequências negativas destes programas de incentivos gigantescos.
A leitura positiva para emergentes também nos parece remontar ao ciclo de emergentes iniciados no começo dos anos 2000, deixando de lado as diferenças relevantes em termos de ponto de partida e da configuração dos mercados emergentes na época e agora, a brutal diferença na composição do PIB de cada país e entre os países. Entre o ano 2000 e o ano 2010 a exportação brasileira de minério de ferro dobrou em volume, e os preços do produto multiplicou algo entre 4x e 5x. Nos parece pouco provável algo semelhante. Será que só o fluxo financeiro (liquidez abundante no curto prazo) pode gerar algo parecido?
Mas no final, a indústria financeira ganha muito mais recomendando aos clientes para tomar riscos, esta é uma força muito relevante sempre puxando os ativos de risco, e isto se repete agora. E nos últimos tempos contando com o apoio “inusitado” e robusto dos bancos centrais.
Em algum momento a mágica vai deixar de funcionar, o estoque do mágico pode se esgotar e parece pouco claro quem vai poder “substituí-lo”. Enquanto isto, a música continua tocando e as cadeiras estão ali disponíveis.
Localmente foi um mês de poucas novidades. Os problemas continuam muito relevantes, mas muita gente prefere fingir que nada acontece. Inflação no atacado altíssima começa a contaminar a inflação ao consumidor. Nada evoluiu em termos de reformas, medidas fiscais etc.