3R Genus Hedge FIM – Carta Mensal Março/2021
Prezado Investidor,
O 3R Genus Hedge FIM (GH) rendeu 0,31% em março (+155% do CDI). No ano a performance acumulada é de +1,20% (+248% do CDI).
Neste mês os ativos de risco tiveram boa performance no Brasil e no mundo, com rápida evolução da vacinação nos EUA, e no front local com alguma recuperação técnica após a queda de fevereiro.
A pandemia piorou muito no país, fomos para números desastrosos de contaminação, mortes e internações. A vacinação começa a ganhar alguma velocidade, mas ainda é lenta. E as projeções de doses disponíveis são sempre revisadas para baixo.
Mesmo assim, nos próximos 2 meses deveremos atingir um ponto de inflexão na propagação e letalidade da pandemia, e aos poucos voltar a permitir maior circulação da população.
Isto vai dar uma sensação de alívio positiva, que pode ser “precificada” pelo mercado de ações caso não ocorram novos fatos negativos. No entanto, a recuperação efetiva da atividade e do emprego deve ser muito lenta. O Brasil não tem um mercado de trabalho flexível como o EUA. O nível de dano causado foi muito profundo. E a desorganização institucional e política gera muito ruído, reduzindo a confiança da população e dos investidores de longo prazo.
Devemos sim ver os setores mais afetados, como serviços de turismo, restaurantes e entretenimento recuperando mais forte. E como contrapartida não nos parece descartado ver piora no segmento de bens duráveis e imóveis, dado que a evolução da renda disponível será muito tímida e lenta.
Em abril começa a ser pago o novo auxílio emergencial, mas a abrangência a e o valor são muito menores, e seu efeito sobre atividade também deve ser.
Importante ter no radar que o mundo ajudou muito o desempenho dos ativos de risco no Brasil nos últimos anos, com abundante liquidez e custo oportunidade próximo de zero, e preço de commodities atraentes. Se isto realmente acabar ou simplesmente perder força, o cenário aqui será ainda mais complexo.
Neste contexto, continuamos: i) achando grande parte da bolsa de valores muito cara, ou cara; ii) os preços dos ativos estão antecipando um crescimento irrealista nas empresas e em seus lucros; iii) muito capital sendo levantado para investir em negócios que são muito parecidos, o que deve intensificar a competição e impactar margens: iii) precificação do risco muito baixa, especialmente considerando o nível de incerteza política/institucional do Brasil, o que se vê nas taxas de desconto utilizadas pelos analistas de mercado.
Para nós está claro que o contexto macro e institucional piorou muito de um ano para cá. Temos um governo focado em reeleição, uma base de apoio bem fisiológica, um judiciário bem disfuncional também, e todos ou quase todos os indicadores macroeconômicos em níveis muito ruins (dívida, inflação e índices de confiança, por exemplo). O mercado de ações parece “ignorar” isto de maneira geral.
Por último, os investidores compraram muitos ativos nos últimos anos acreditando numa liquidez na saída que pode não estar “aí” num contexto de juros subindo e bancos centrais reduzindo sua atuação. Este pode ser um fator também relevante daqui para frente. Isto vale para imóveis, ações e outros ativos reais.