3R Genus Hedge FIM – Carta Mensal Junho/2020
Prezado Investidor,
O 3R Genus Hedge FIM (GH) rendeu +0,66% em junho (+305% do CDI). No ano, o fundo está acumulado em +10,33% (+586% do CDI). Nossa visão mais cautelosa acabou limitando os ganhos do fundo no mês, depois de ter ajudado muito ao longo do semestre.
Como temos comentando nas últimas cartas, esta crise é única em suas características, o que dificulta ainda mais prognósticos futuros, e a construção de um cenário claro sobre perspectiva da velocidade de recuperação das economias.
Para nós aqui na 3R, num contexto como este, vale uma postura com boa dose de humildade, e tomar pouco risco.
Considerando o que temos de informação até hoje, conseguimos ter algumas opiniões:
– A desigualdade entre países ricos e pobres vai aumentar. Já tínhamos escrito isto, e conforme o tempo passa reforçamos esta visão. A mesma base racional vale para diferença entre as camadas da população de maior renda e as de menor, a diferença vai aumentar ainda mais;
– Todos os estímulos governamentais, principalmente no caso de transferência direta de renda temporária, estão minimizando temporariamente o impacto em renda, consumo e inadimplência. A impressão que temos é que muitos consumidores tratam a crise como passageira, e não reduziram drasticamente o padrão de consumo. Os dados de emprego já capturam uma piora, mas talvez uma parcela considerável da população ainda ache que conseguirá emprego e renda “quando as coisas voltarem ao normal”. Nós achamos muito provável que o cenário do mercado de trabalho e renda surpreenda negativamente, impactando a recuperação de demanda;
– Tem muita dívida para ser emitida por governos em todo o mundo. Todo mundo junto num momento em que empresas e indivíduos, de uma maneira ou outra, tiveram necessidade de liquidez adicional e/ou perda patrimonial (perda de valor de suas poupanças). Continuamos achando pouco óbvio que todos conseguiram fazer tais emissões nos preços das taxas de juros de curto prazo. Uma opção é a monetização mesmo. De qualquer maneira, o custo da dívida de médio e longo prazo deve subir;
– Dados de PMIs medem variações mensais, não o nível de produção ou de “prestação de serviço”. Os índices de confiança medem o “humor” do empresário/consumidor, e nos parecem ter forte influência da situação anterior em que o empresário/consumidor se encontrava. É normal variações muito fortes em momentos de mudanças abruptas, e nos parece ainda mais normal num contexto de stress e incertezas como o que tivemos desde março. Os empresários e consumidores nunca tinham passado por tal situação, é de se esperar reações abruptas para os dois lados.
Na nossa carta de fevereiro de 2020 nós escrevemos “Para nós, 2020 é, antes de tudo, um ano para “não perder dinheiro”. Estamos na metade do ano, muita coisa aconteceu. Os ativos de risco caíram muito rapidamente no início da crise, e já se recuperaram bastante. E para nós, a frase continua muito válida olhando para frente. Talvez o pior em termos de preço dos ativos não tenha ficado para trás. Muita gente achando que vale a pena tomar risco simplesmente porque “A Selic está à 2,25% a.a.”. Mas é bom lembrar que pelo menos são 2,25% a.a. positivos.
Nosso cenário base considera que o mundo vai ter uma solução mais definitiva, que permitirá efetivamente à população circular normalmente na primeira metade de 2021. Até lá, as economias estarão funcionando razoavelmente abaixo do potencial, seja por restrições de movimentação ou por falta de confiança por parte da população para se expor. E durante o 3T e 4T veremos a real situação do emprego, renda e qualidade de crédito.